Data: 06-02-2012
Criterio:
Avaliador: Miguel d'Avila de Moraes
Revisor: Tainan Messina
Analista(s) de Dados: CNCFlora
Analista(s) SIG:
Especialista(s):
Justificativa
A espécie Dyckia encholirioides é endêmica do Brasil e ocorre nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de apresentar distribuição ampla, ocupa uma área (AOO) de apenas 168 km². Apesar de estar protegida por unidades de conservação (SNUC), a espécie possui valor ornamental e também é utilizada para o assentamento de dunas, em áreas de restinga. Caso sejam confirmadas ameaças que estejam causando declínio nas sub-populações da espécie ela poderá ser avaliada como "Em Perigo" (EN). Enquanto isso a espécie foi avaliada como "Quase ameaçada" (NT).
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Dyckia encholirioides (Gaudich.) Mez;
Família: Bromeliaceae
Sinônimos:
Descrita em 1896 (Martinelli et al., 2008). Conhecida como "gravatá" (MMA/IBAMA, 2004).
Considerada dominante na fisionomia herbácea-arbustiva da restinga da Ilha do Arvoredo (MMA IBAMA, 2004.) Muito frequente, desenvolve-se preferencialmente nos costões rochosos, formando densos agrupamentos onde está frequentemente associada com Aechmea nudicaulis var. cuspidada, A.recurvata e A. lindenii (Krieck, 2008). Apresenta uma subpopulação de aproximadamente 50 indivíduos na Praia do Santinho, Ilha de Santa Catarina. Destes, 92% dos indivíduos faziam parte de um agrupamento e apenas 8% dos 50 indivíduos estavam isolados (Krieck, 2008). Berger (2008) considerou a espécie rara para a região de Babitonga, SC. O mesmo autor comenta que a população de D. encholirioides tem diminuído nas últimas décadas, e deve urgentemente ser protegida pela lei para evitar a sua extinção. Forma grandes subpopulações na restinga da Ilha do Cardoso (Wanderley et al., 2007). Frequente no Vale do Itajaí (Klein, 1979).
Ocorre nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Forzza et al., 2011). Em São Paulo é encontrada na Ilha do Cardoso, sendo este o limite norte de ocorrência para a espécie (Wanderley et al., 2007).
A espécie não é halófita,contudo apresenta distribuição ao longo da costa sobre rochas (Pompelli,2006). Floresce uma vez por ano, produzindo um grande número de sementes entreoutubro e dezembro. Após a dispersão as sementes tornam-se parte do banco desementes e raramente germinam. As poucas plântulas encontradas são originadaspor estolões (Pompelli et al., 2006).A espécie apresenta variação nas taxas de germinação em relação a salinidade etemperatura. A salinidade reduz a taxa de germinação, sendo esta de oito a 20 diasem salinidade alta. Temperaturas baixas e altas também afetam a germinação (Pompelli et al., 2006). Planta rupestre ou terrícola, heliófita e seletivaxerófita (Krieck, 2008). Apresenta padrão de floração anual, com cada indivíduoemitindo uma inflorescência predominantemente, com 70 flores por inflorescênciaem média (Krieck, 2008). O mesmo autor comenta que a duração da floração porindivíduo é em média de 23 dias. Espécie de antese diurna e duram cerca de 1,5dias (Krieck, 2008). A dispersão de sementes ocorre nos meses de novembro edezembro. Muitas delas permanecem próximas à planta-mãe (Krieck, 2008). O mesmoautor contabilizou por fruto 125 ± 10,1 sementes (n=28) e 41,6 ± 5,7 sementespor loco (n=84). De 50 indivíduos estudados, 40 emitiram brotos. Destes, 15 cominflorescência senescente emitiram brotos em 2006. Enquanto que em 2007, 36indivíduos emitiram brotos, com 31 apresentando inflorescência senescente (Krieck,2008). Vespas e formigas foram observadas visitando os nectários (Krieck,2008). Krieck (2008) encontrou para a formação de frutos por teste (n=30) umavariação de 6,6% para gamospermia a 93% para polinização livre. O mesmo autorafirmar que somente as sementes formadas através dos testes de polinizaçãocruzada e livre apresentaram uma significativa viabilidade. A espécie começa aflorescer no final do inverno até a primavera, época em que poucas plantasestão florescendo, representando assim uma fonte de recurso trófico fundamentalpara a manutenção dos polinizadores neste período (Krieck, 2008). Apresentaalta longevidade das sementes (Pompelli, 2006). A emissão de brotos ocorre apósa floração, estratégia essa muito difundida em bromélias (Krieck, 2008). A altaformação de frutos gerados em condições naturais e polinização cruzadaassociada à alta viabilidade das sementes oriundas de testes indica que ospolinizadores de D. encholirioides são eficientes e garantemo sucesso reprodutivo da espécie (Krieck, 2008).
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Extinta" (EX) na Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).
4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Encontrada no Parque Estadual da Ilha do Cardoso (CNCFlora, 2011). Ocorre na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (MMA/IBAMA, 2004), na RPPN Morro das Aranhas (Krieck, 2008). Krieck (2008) comenta que a conservação e proteção dos ecossistemas de restinga, que atualmente, devido à ação antrópica, estão sofrendo processos de fragmentação, são fundamentais para garantir a sobrevivência desta espécie.
4.3 Corridors
Situação: on going
Observações: A espécie ocorre no corredor de Biodiversidade Serra do Mar da Mata Atlântica (Martinelli et al., 2008)
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Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dyckia encholirioides
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Última edição por CNCFlora em 06/02/2012 - 17:41:12